"Portugal vive hoje um cenário com perspectivas nebulosas quanto ao mercado de trabalho. Por um lado os jovens que receberam benefícios do estado para ter formação e que acreditam nas suas competências vão embora para outros países, em buscas de melhores ganhos e crescimento na carreira. Por outro, os poucos jovens que ficam e preparados, ou não, acabam aceitando empregos com salários lowcost e com baixíssima oportunidade de carreira. Resta a vertente do empreendedorismo, que beneficia apenas os que conseguem recursos familiares, ou conseguem recursos via network político, sempre a gerar taxas de mortalidade de empresas altíssimas. Assim, num curto espaço temporal, o mercado português, que é diminuto, tende a diminuir ainda mais, ou a se conformar, como já se nota no depositório dos trabalhos que o resto da Europa não quer, por exemplo, o avanço dos contact centers, ou mesmo outros tipos de outsourcing de baixo valor agregado. Da parte da dos detentores da iniciativa privada pouco deve-se esperar, visto que os ganhos por volume da exploração deste tipo de mão de obra são grandes. Da parte pública a única solução seria o aumento significativo do salário mínimo, que evitaria este avanço pouco interessante do mercado lowcost e forçaria a busca por atividades mais recompensadoras e atraentes aos jovens (isso para não mencionar o enxugamento da máquina pública, que está obesa e impagável). As boas práticas que Portugal assimilou nos últimos vinte anos foram todas demandadas pela União Europeia, que continua a pressionar por uma maior moralidade com a gestão do país. Espero que isso se intensifique e que as pessoas que estão no poder optem por estratégias inteligentes e planos de longo prazo, mas não é isso que temos visto nos últimos tempos, independente de partidos e ideologias. Quanto aos profissionais de RH, nota-se muito atraso nas formas de trabalho, a melhor solução seria pensar num grande benchmarking em países onde este segmento está mais evoluído, como Coreia do Sul, Singapura, Finlândia e Canadá. Enfim, há necessidade de renovação e inovação no setor." |